Seminário Nacional de Comunicação começa nesta terça (03) em Campo Grande

Assistentes sociais, jornalistas e conselheiras/os do Conjunto CFESS-CRESS estão reunidas/os em Campo Grande (MS) para debater a comunicação enquanto direito humano. Começou nesta quarta-feira (03) o 7º Seminário de Comunicação, que vai até esta quinta-feira (04) e antecede o 52º Encontro Nacional CFESS-CRESS.

O evento, transmitido pela primeira vez no canal do Youtube do CFESS, contou com mesa de abertura e duas mesas de debate neste primeiro dia. A primeira, no horário da manhã, debateu “Colonialismo digital, inteligência artificial e algoritmos do preconceito e da exploração”, e a segunda, à tarde, “Ataque à democracia e a dominação pela desinformação e pelo consumo”.

A coordenadora da Comissão de Comunicação, Vitória Ávila, e a jornalista, Gabriela Olivar, representaram o CRESS-RN no evento.

A mesa de abertura foi composta por Leile Teixeira, representante da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS); Matheus Costa, representante da Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social (ENESSO); Gerson Jara, do Sindicato dos Jornalistas do Mato Grosso do Sul (SINDJOR-MS); Carmem Ferreira, presidenta do CRESS-MS, e Emilly Marques, coordenadora da Comissão de Comunicação do CFESS.

Leile abriu a mesa falando sobre a conjuntura mundial, com as tragédias climáticas e o genocídio da Palestina, dentre outros fatos. Destacou que o Serviço Social comemora 90 anos do primeiro curso de graduação no Brasil e 100 anos da profissão na América Latina. “Somos radicalmente comprometidas/os com a defesa de valores ético-políticos, o fortalecimento dos movimentos sociais e uma comunicação contra-hegemônica”, disse.

Matheus ressaltou que o Serviço Social se encontra em todas as lutas de defesa humanitária, incluindo a da democratização da comunicação. “É muito importante que, nos dias de hoje, antecedendo eleições tão importantes para o Brasil, estejamos discutindo uma comunicação que abrange a diversidade”.

Gerson destacou a importância da direção política para a comunicação, que é um meio, não um fim. “Fazemos a luta através do que comunicamos”, observou, analisando também o papel da informação estratégica para os movimentos sociais e os partidos de esquerda na disputa de narrativas.

Carmem reiterou que o Serviço social se filia ao movimento pela democratização da comunicação defendendo a diversidade de vozes e o diálogo com a população usuária. “Nossa comunicação deve fortalecer a dimensão político-pedagógica da profissão e o uso da linguagem inclusiva e não discriminatória”, afirmou.

Emilly destacou que onde tiver luta, o Serviço Social quer estar. “Estamos em uma semana histórica de julgamento de um presidente que combateu tudo que a gente acredita, por isso refirmamos a defesa por justiça, memória e verdade”, disse. A conselheira afirmou, ainda, que é urgente refletir sobre os ataques à democracia. “Vivemos um tempo em que as telas se tornaram janela para o mundo, mas também espelho que reflete as desigualdades”.

Plataformização e datificação

A Mesa “Colonialismo digital, inteligência artificial e algoritmos do preconceito e da exploração” contou com a presença do professor Dr. Walter Lippold, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e Pamela Ortiz, ativista do Mídia Ninja. O conselheiro do CFESS Ubiratan Dias mediou o debate.

Walter conversou sobre os atuais processos de digitalização, plataformizacão, hiperconexão x desconexão, racismo algorítmico etc. “O colonialismo digital reabilita velhas ideologias, como o fardo do homem branco, do século 19, de um colonialismo benéfico que leva a tecnologia e a ciência”, destacou. “Este é o fardo do nerd branco”.

Para ele, o colonialismo digital abarca questões de colonialismo de dados. “Estamos datificados, algoritmizados”, alertou. O pesquisador também falou sobre a relação entre a digitalização e a precarização do trabalho e defendeu uma soberania digital e popular. “Precisamos de uma alfabetização digital crítica nas escolas e movimentos sociais e pensar sobre autodefesa digital e cibersegurança”.

Pamela conversou sobre o ativismo digital na disputa de opinião e afirmou que não dá para ignorar que é nas redes que a conversa acontece. “Precisamos hackear esse lugares, foi no Instagram que a gente foi defender a vacina, denunciar Bolsonaro. É uma janela de exibição para as nossas lutas”, ressaltou.

Para ela, os lugares virtuais devem ser usados para deixar nossas digitais e contar as nossas histórias. “As coberturas colaborativas são muito importantes nesse sentido”, disse, reforçando a importância da plataforma Floresta Ativista enquanto ecossistema de pessoas e movimentos para divulgação de ações, arte, notícias etc.

Democratização da comunicação

À tarde, a segunda mesa, “Ataque à democracia e a dominação pela desinformação e pelo consumo”, foi conduzida pela jornalista Ana Mielke, do Coletivo Intervozes, e pelo assistente social Leonardo Koury, que representa o CFESS no Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC). A mediação ficou por conta de Carmem Ferreira, presidenta do CRESS-MS.

Em sua fala, Ana analisou como se dá a concentração econômica dos meios de comunicação, apesar de toda a diversidade regional existente no Brasil. “Informação é elemento central para a construção da cidadania”, disse. “Não é possível ter visão crítica e tomar decisões acerca desse mundo sem informação”.

A jornalista afirmou que fazer conteúdos engajarem baseados no compromisso com a verdade e os direitos humanos é sempre mais difícil e alertou para o processo de deslegitimação do jornalismo. “Ele deixa de ser um instrumento autorizado a falar as verdades do mundo pela extrema direita”.

Por fim, Leonardo Koury encerrou o primeiro dia de evento reafirmando o acúmulo que o Conjunto CFESS-CRESS também no tocante à democratização da comunicação. “Este 7º Seminário de Comunicação e a nossa 4ª edição da Política Nacional de Comunicação demonstram isso”.

Para o assistente social, a comunicação também é importante ao Serviço Social pela possibilidade de mediações sobre a realidade. “A desinformação, por exemplo, é percebida e impacta o nosso cotidiano profissional”.

Ele destacou as importantes estratégias de comunicação que os CRESS têm construído e reiterou que estar em um espaço como o FNDC, com mais de 200 organizações filiadas, lugar que pensa a comunicação como direito humano, é fundamental. “Esse espaço tem tido a nossa contribuição porque é também uma luta geral da classe trabalhadora”.

O 7º Seminário Nacional de Comunicação segue na manhã desta quinta-feira (04) com a Oficina sobre Audiodescrição para acessibilidade em imagens, vídeos e redes. Depois, começa o Encontro Nacional do Conjunto CFESS-CRESS, que vai até domingo (07).

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