CRESS Entrevista Mirley Jordana Fernandes sobre a Conscientização do Autismo

No mês em que se celebra a Conscientização do Autismo, o CRESS Entrevista Mirley Jordana Fernandes sobre a data, o tema e a relação do Serviço Social com os direitos das pessoas autistas.

Mirley é bacharela e mestra em Serviço Social pela UERN. Foi bolsista no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) na área da saúde e participa do Núcleo de Estudos da Criança e do Adolescente (NECRIA) na UERN.

“Compreender o sujeito com TEA sob o olhar da diversidade é contribuir para uma sociedade que o respeite”, afirma a pesquisadora.

Confira a entrevista:

CR: De que forma a sua pesquisa relaciona o Serviço Social com a conscientização sobre o autismo? Como você despertou para esta temática?

MJ: As expressões da questão social que se manifestam no nosso cotidiano, à exemplo do capacitismo, requerem um olhar para o fortalecimento das lutas em defesa dos direitos sociais de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Para tanto, a defesa desses direitos se relacionam com a pauta democrática, emancipação dos sujeitos, da liberdade como valor ético central do Código de Ética do Serviço Social. Assim, a temática comunga com o Serviço Social a partir da perspectiva de que a profissão tem por intuito a viabilização dos direitos sociais da população. E pessoas com TEA, em geral, vivenciam a desigualdade social e a estigmatização nesta sociabilidade capitalista.

Assim, a temática está diretamente associada ao estudo realizado durante a minha graduação, concluído no final de 2019 e apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso sob o tema “Visibilizando as Invisíveis: Direito da Criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA)”, em 2020. Além disso, o interesse pela temática surge devido à aproximação com as discussões sobre infância e adolescência, mediante a participação no NECRIA.

CR: Na sua opinião, como assistentes sociais podem atuar, nas mais diversas políticas sociais, de forma a contribuir para a desconstrução do preconceito e em uma perspectiva anticapacitista?

MJ: A disseminação de informações sobre o autismo é fundamental para a pauta das lutas em defesa dos direitos humanos e fundamentais para pessoas com TEA. Contribuir nas discussões nos diversos espaços sócio-ocupacionais de que o TEA não se trata de doença é crucial para desprezar o capacitismo. Compreender o sujeito com TEA sob o olhar da diversidade é contribuir para uma sociedade que o respeite.

CR: Como você vê, atualmente, a garantia de direitos para as pessoas autistas e suas famílias? Ela está consolidada ou ainda existem desafios para que sejam cumpridos?

MJ: Ao passo em que há mais fontes de informações sobre o TEA, em relação à busca pela efetivação dos direitos sociais, ainda existem desafios para a materialização da garantia destes direitos.

Na pesquisa recente da dissertação do mestrado, o nosso foco foi a educação infantil de crianças com TEA durante a pandemia. E um dos resultados obtidos foram os desafios em relação aos desmontes das políticas de Educação e os cortes no orçamento público. Desse modo, prejudica diretamente a garantia de um modelo de educação pública, gratuita e de qualidade.

CR: O Serviço Social tem fortalecido a luta anticapacitista, trazendo este debate para a profissão, para os principais eventos da categoria e até para a campanha do Dia da/o Assistente Social, como ocorreu em 2024. Como podemos seguir avançando?

MJ: O Serviço social tem despertado fortemente para as discussões na área do TEA, e esse fato só fortalece esta causa e também incentiva assistentes sociais a se atualizarem profissionalmente para o atendimento deste público. Uma das maiores contribuições é justamente a necessidade de ampliação dos debates sobre o direito de pessoas com TEA, nos diversos espaços. Conforme mencionamos na dissertação, “[…] que as indignações pelas mais diversas formas de injustiças se transformem em lutas reivindicatórias nesses tempos sombrios em que se retiram direitos, porque manter direitos nessa conjuntura já é motivo de vitória. Mas, não se pode conformar com um sistema desigual, injusto e autoritário que invés de somar as diferenças, segrega, estigmatiza e exclui” (Silva, 2024, p. 73).

Outras Notícias

Dúvidas frequentes

Principais perguntas e respostas sobre os nossos serviços